sexta-feira, 23 de julho de 2010

PORTUGAL HÁ VINTE E CINCO ANOS...

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... era um País muito pobre e "nacional-porreirista", aonde foi possível um Partido apresentar, sózinho, um Governo minoritário composto por um punhado de inexperientes arrivistas políticos, de Aníbal Cavaco Silva a Leonor Beleza, passando por Mira Amaral, Eurico de Melo e Dias Loureiro, e com ele conseguir iludir o eleitorado ao ponto de, após dois anos de governação, obter dele uma inesperada maioria absoluta. Poderá então ser a repetição desta maravilhosa fábula, no Portugal do Séc. XXI, aquilo que mais almeja a actual cúpula do P. S. D.? Apesar das diferenças óbvias entre o contexto político e, sobretudo, económico desse tempo e o actual?

Ou pretenderão recuar ainda mais, a quase trinta anos atrás, e dar uma segunda oportunidade serôdia a um casamento falhado e que nem três aniversários completou (o do "Bloco Central")? E, ainda por cima, com a Noiva de então a fazer agora de Noivo (e vice-versa)??...

Ou, pelo contrário, estarão já apenas resignados a uma quarta edição, não revista nem aumentada, duma espécie de A. D., com o mesmo fatal destino precocemente demissionário das três anteriores (com Pinto Balsemão, Durão Barroso e outro cujo nome agora não me ocorre...)?

É de facto confrangedor constatar que o P. S. D., ao cabo de cinco anos de suposta gestação de uma "alternativa" de poder, não nos consegue acenar com nada de mais mobilizador e "concretizável" do que um destes três tristes cenários políticos, que apenas parece poderem conduzir a um e um só desfecho a curto prazo: nova vitória eleitoral do P. S., mais tarde ou mais cedo, com José Sócrates (e maioria relativa?), ou com António Costa (e maioria absoluta?), para apanhar de novo os cacos do chão e retomar quanto antes, e com novo fôlego, o inestimável (e infindável...) bom trabalho apenas principiado pelo anterior Governo maioritário socialista...

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uma Final com quase duas horas sem golos. Viva o Futebol, é?...

. Que "emoção", esta final... Poderá até ser usada, com fins terapêuticos, em casos desesperados de ansiedade, ou de angústia existencial.


E está provado que o "um a zero" é mesmo o máximo de que o novo campeão mundial é capaz. Mesmo que precise de quase cento e vinte minutos de bocejos. Tirando assim as Honduras e a "chuva de golos" com o Chile. Mas está tudo bem. Não chega a ser bem um espectáculo, mas é igualitário. Põe Portugal, o Paraguai, a Holanda e a Alemanha tudo ao mesmo nível, sei lá, do que a Suíça. Ou quase, claro.


Se o Futebol ganhador se transformou agora neste "enjoo de tripas", despeço-me dele e prefiro ir ali dormir uma bela sesta...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Jamais visto em "Mundiais" de Futebol (II):

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- A Espanha numa Final!

- A Espanha, ou a Holanda, serem CAMPEÃS DO MUNDO!

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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Nunca antes visto em "Mundiais" de Futebol:

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- Uma Selecção nacional de um País africano atingir os quartos-de-final (e foi mesmo só por um triz que não chegou às meias-finais!);

- Uma Final entre duas Selecções europeias disputada fora da Europa e (em consequência)

- Um País europeu sagrar-se campeão mundial fora da Europa!

Já são bastantes originalidades para tornar célebre o também primeiro Campeonato Mundial de Futebol disputado no Continente africano.

Para os próximos, fica ainda por ver:

- Uma Final entre duas Selecções sul-americanas (ou outras não-europeias) na Europa;

- Uma Selecção europeia ganhar o "Mundial" num País sul-americano e

- Uma Final com duas Selecções europeias num País sul-americano...


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terça-feira, 6 de julho de 2010

ONZE CONTRA ONZE.

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Nas modalidades olímpicas de Atletismo e Natação existem algumas provas ditas "de equipa", também designadas "estafetas", que de equipa, contudo, não têm práticamente nada (tirando o muito breve momento da passagem do testemunho), já que o resultado global da prova resulta do somatório aritmético directo dos resultados de cada um dos seus elementos. No Futebol, como em todos os restantes jogos de equipa (mesmo uma simples partida de ténis a pares...), já não se passa assim.


Com efeito, em todos os jogos colectivos, do vólei de praia ao râguebi, o resultado final não resulta do somatório aritmético das prestações de cada elemento da equipa, mas antes do seu desempenho global enquanto colectivo de jogadores. Onde os talentos individuais também podem ser decisivos, mas apenas na medida em que revertam para benefício da eficácia do conjunto.


Países há, todavia, nos quais, talvez fruto de aspectos culturais e idiossincráticos da mentalidade dos respectivos Povos, a avaliação da valia global do colectivo é de muito mais difícil apreensão e compreensão do que a mera percepção dos valores tomados individualmente. Nestes Países, como Portugal, a discussão à volta do Futebol gira práticamente sempre em torno dos Jogadores e raramente em torno da Equipa. No domínio das selecções nacionais, por exemplo, discute-se sempre apenas qual o melhor titular para cada uma das posições dentro do campo, em vez de se debater própriamente a estrutura, ela mesma, dessas posições e as melhores formas de engendrar um estilo de jogo colectivo eficiente, antes de se passar então à discussão de quais os melhores intérpretes, de entre a "matéria-prima" disponível, para essa estratégia em concreto.


Talvez por isso surjam sempre tantas surpresas nas competições internacionais de Selecções, onde as equipas e os estilos são menos estáveis do que nos Clubes e o que mais conta, em cada momento, é a forma como a Selecção se construíu e preparou para cada competição específica.


Sem prejuízo de se irem quase sempre mantendo, em linhas gerais, algumas características específicas de um certo modo de jogar típico de cada País, as surpresas advêm quase sempre desta incapacidade de raciocinar e equacionar em termos do valor colectivo, pois que a realidade acaba quase sempre por provar que o mesmo não correspondeu às expectativas, baseadas únicamente no somatório dos valores individuais.


E é por este facto que as surpresas são geralmente fruto desta desilusão, por um lado, ou pela afirmação, por outro, de uma inusitada valia colectiva onde não eram detectáveis, a priori, valias individuais relevantes!


Acontece a primeira situação quase sempre às selecções sul-americanas, recheadas de estrelas internacionais, mas também muitas vezes às selecções latinas, como Portugal, Espanha e Itália, assim como à selecção inglesa, igualmente recheada de protagonistas e vedetas com bastante frequência. A situação inversa acontece, por norma, com as Selecções dos Países "frios", como os nórdicos, ou os de Leste, mas também já sucedeu com a Grécia e até com a Coreia do Sul, ou com Marrocos! Depende muito, seguramente, do Treinador que está ao comando da Selecção (no caso da Grécia, surpreendentemente vitoriosa em 2004, o Treinador era germânico; e também é provável que a Costa do Marfim, com por exemplo D. Maradona a treiná-la, fosse substancialmente diferente, menos colectiva, do que foi com S.-G. Eriksson).


Este ano essa "desilusão individualista" aconteceu mais uma vez, primeiro com Portugal, depois com o Brasil e a Argentina, seguindo-se presumivelmente agora (já amanhã) a balofa Espanha. Que, porém, também já tem estado do lado contrário, aliás como igualmente Portugal! Desse lado da "surpresa colectivista" no qual, desta vez, se encontram a Alemanha, de uma forma arrasadora e concludente, mas também de certa forma o Uruguai, o Gana, os Estados Unidos e a Holanda.


Ao ver a Alemanha evoluir em campo, numa elegia avassaladora e heróica à prevalência do mérito colectivo sobre o talento individual, não podemos deixar de nos recordar não só de outras Alemanhas grandiosas do passado, como a de Beckenbauer, Netzer e Gerd Müller, ou a de Matthäus e Klinsmann, como ainda de certas Holandas épicas (as de Cruijft, de Rensenbrink e de Gullit), ou de algumas superlativas Bélgicas, Uniões Soviéticas, Jugoslávias e Polónias de outros tempos, das mais recentes e excepcionais Franças, Itálias, Dinamarcas, Roménias e até Brasis (como o de Eder, Sócrates e Falcão), já para não irmos aos casos mais próximos da Turquia e da República Checa, por exemplo, que conseguiram, cada qual à sua maneira (e em devido tempo), elevar a dinâmica futebolística do jogo colectivo à sublime categoria de pura Magia!



A Selecção alemã deste ano é, sem dúvida alguma, a majestosa herdeira dessa nobre tradição do Futebol de Selecções com depurado jogo colectivo - fruto provávelmente, ó doce ironia, da forçada ausência da sua grande estrela, Ballack! -, e seria muito bom que a demonstração inequívoca da superioridade deste conceito de colectivismo sobre a pobreza do jogo meramente individualista (tão patéticamente evidenciado neste campeonato por "estrelas" como di Maria, Messi, Cristiano Ronaldo, mas também muito bem representado por "craques" como o Deco, o Eto'o, ou mesmo as mediatizadas vedetas inglesinhas), servisse para ajudar os adeptos, dirigentes, treinadores e "analistas" portugueses deste desporto tão popular a centrarem mais as suas atenções na problemática do jogo de equipa e a relegarem para o lugar secundário que merece a reduzida relevância dos malabarismos circenses individuais, espectaculares e exibicionistas, mas sem qualquer préstimo para o desempenho global.


Comece-se por fazer a devida justiça ao modo exemplar como joga a defesa desta Selecção de Carlos Queirós, uma das melhores de todo o "Mundial" (ainda hoje o Torres o reconheceu), e perceba-se que o jogo eminentemente colectivo de Portugal na defesa assenta, sobretudo, numa fabulosa articulação entre todos os jogadores defensivos e não apenas nos seus méritos e esforços individuais. Experimente-se o mesmo no respeitante ao jogo ofensivo (um passo importante já foi dado nesse sentido, com a saída do inútil Deco), tire-se o Cristiano Ronaldo (ou obrigue-se-o a jogar para a equipa!) e dê-se uma oportunidade ao Nuno Gomes, ao João Moutinho (e, por que não, também ao Quaresma?) e tirem-se, depois, as devidas conclusões...

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